Olá
você, querido leitor. Pensei em começar uma coluna nesse blog muito instrutiva
sobre a sétima arte. Nela falarei um pouco sobre certo roteirista, diretor,
figurinista ou produtor e suas principais obras. Acho que despertaria em você
uma curiosidade maior para o aprofundamento no assunto, além de serem excelentes
dicas para seu tempo livre.
Você
deve conhecê-lo como o nazista desgraçado banido do festival de Cannes em 2011,
mas ele é muito mais do que isso.
Lars
von Trier era de uma família de intelectuais em que, segundo ele, apenas a
religião e as emoções eram proibidas. Viveu uma infância nada convencional, no
qual sua mãe permitia que ele se expressasse com livre arbítrio em todas as
decisões que lhe aparecessem, decidindo até mesmo se queria ir ao colégio, ou
fazer seus deveres. Trier afirma que essa característica de criação sempre lhe
pareceu bastante vantajosa, entretanto, lhe trouxe uma eterna sensação de
ansiedade e necessidade de controlar tudo o que ocorre a sua volta.
Com
aproximadamente 10 anos de idade, Trier começou a se interessar pelo cinema ao
ter contato com uma câmera super 8mm que sua mãe possuía. Nela, criou inúmeras
curtas amadores onde retratava o mundo a sua volta, experimentando e inventando
suas próprias técnicas.
Anos
mais tarde, com sua entrada na Escola Dinamarquesa de Cinema, que o diretor
pode de fato explorar tudo o que o cinema da época oferecia. Quanto a esse
período, Trier afirma que não aceitava com facilidade as regras e convenções
que lhe eram impostas, entrando em atrito constantemente com a maioria de seus
professores.
Em
1995, após muitas obras criadas, surge o “Dogma 95”, movimento que Trier e seu
colega Thomas Vinterberg criaram. Trier propõe então que o cinema passe do excessivamente
técnico para o quase “despido”, purista. Ele afirma que, por trás dos dez
mandamentos do manifesto, que exigem desde a utilização da luz e som natural
dos ambientes, até a não figuração do nome do diretor nos créditos, há uma
vontade de resgate da inocência perdida do cinema, algo que ainda seja vigente
mesmo sem a explosão de efeitos especiais que se vê nos filmes de hoje. Diante
desse discurso, o público, a mídia e os críticos se dividiram em grupos de
adoração e repulsa, que até hoje põe em questão a validade desse movimento.
Conheci-o
um pouco tardiamente em 2011. Já havia visto Dogville superficialmente antes e
alguns trechos de Melancolia (sim, esses trechos que você está pensando,mesmo). Quando vi que o CCBB de Brasília fazia uma retrospectiva dele, eu
acabei indo, mas sem muito entusiasmo. Vi quase todos os trabalhos dele,
incluindo um debate com o seu antigo professar na Escola Dinamarquesa de Cinema,
e me encantei.
Para
quem gostaria de conhecê-lo, indico Melancolia como uma introdução ao universo “Trieresco”.
Filme com um dos prólogos/introduções mais lindos da história do cinema. Um
verdadeiro resumo do enredo com imagens belíssimas ao som de Richard Wagner com
Tristão e Isolda. Além, é claro, de ser o filme de mais fácil aquisição ou
locação.
Depois,
Dançando no Escuro com a Björk como protagonista. Musical completamente
diferente dos feitos atualmente, além de ser triste de cortar a alma.
Com
esses dois filmes visto e já completamente imerso, Os idiotas, Dogville e
Maderlay serão mais facilmente digeridos. Minha única sugestão é deixar
Anticristo como uma das ultimas obras a serem vistas. Eu a considero uma
catarse do Lars na direção e roteiro. A maioria dos que vão ver desavisados
acabam se chocando e saindo decepcionados. Mesmo assim, Anticristo tem uma dasintroduções espetaculares do Von Trier.
O
novo trabalho dele, Ninfomaníaca, está sendo muito aguardado no exterior (e por
mim). A história seguirá a vida de uma ninfomaníaca (duh!) da adolescência a
vida adulta e será dividida em dois filmes. Cenas reais de sexo e um elenco de
grandes estrelas vêm chamando a atenção da grande mídia novamente para o
diretor, após o mesmo ganhar o status de personanon grata no festival de Cannes.
E
é isso, pessoal. Semana que vem trarei outra pessoa do mundo audiovisual e
mais dicas sobre seus trabalhos.
E, para quem se interessou pelo diretor, o site www.larsvontrier.com.br tem um ótimo material de pesquisa.
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